MOOC Inclusão e Acesso às Tecnologias 2014
sábado, 31 de maio de 2014
domingo, 18 de maio de 2014
Teoria
da Inteligências Múltiplas
1. Introdução
A teoria das inteligências múltiplas foi desenvolvida a partir da década de 1980 por uma
equipe de investigadores da Universidade
de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard
Gardner, visando analisar e descrever melhor o
conceito de inteligência, serviu de base ao presente trabalho.
Porque o aluno tem que
ser parte ativa no processo educativo e avaliativo, o processo de avaliação
dever perseguir a ideia de aprendizagem ativa, feedback constante e
disponibilização de recursos, que permitirão a permanência das aprendizagens.
Serão ainda apresentadas propostas de intervenção ao nível das
práticas que ilustram como a avaliação diferenciada pode ter um papel
preponderante nas aprendizagens dos alunos.
2. Ensinar e Aprender com
múltiplas inteligências
No início do século XX, em função da necessidade de medir o
insucesso escolar no início da escolaridade foi pedido ao psicólogo francês
Alfred Binet que desenvolvesse um sistema de medição que permitisse distinguir
crianças com atraso de crianças normais. O aparecimento destes testes de
inteligência, usados para selecionar 1 milhão de soldados americanos a enviar
para a I Guerra Mundial, tornaram-se bastante populares durante todo o século
XX. Os testes Q.I. (Quociente Intelectual) eram a face visível de uma teoria
que sustenta a tese da existência de uma inteligência única e permanente,
passível de ser medida quantitativamente. Apesar do aparecimento de correntes
de pensamento críticas a esta teoria, ainda hoje existe um certo alinhamento
com a mesma no senso comum de algumas faixas do meio científico.
A contestação foi recorrente durante todo o século XX,
nomeadamente assumida por Vygotsky e Piaget. Este último, utilizador dos
respetivos testes Q.I. encontrou, não nas respostas aos mesmos, mas no
raciocínio inerente a estas, a base da sua teoria.
Foi no entanto com Howard
Gardner (no seu livro Frames of Minds – The Theory of Multiples
Intelligences(1983)), psicólogo e professor norte americano, que surgiu a
abordagem mais crítica e sustentada aos testes de inteligência. Considerou que
estes eram redutores e apenas mediam as capacidades lógicas e linguísticas,
capacidades que normalmente são as únicas exigidas e avaliadas pelas escolas e
as mais valorizadas pela sociedade. Gardner (1995) entende por inteligência “a
capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados
em um ou mais ambientes culturais ou comunitários”.
Concorreram para a sustentação da sua teoria uma multiplicidade
de fontes, tais como: as informações disponíveis sobre o desenvolvimento normal
e o desenvolvimento do indivíduo talentoso; estudos sobre populações prodígios,
idiotas sábios, crianças autistas, crianças com dificuldades de aprendizagem;
dados sobre a evolução da cognição; considerações culturais comparadas sobre a
cognição; estudos psicométricos; estudos de treino psicológico e principalmente
análise da perda das capacidades cognitivas nas condições de lesão cerebral.
Foram consideradas inteligências genuínas apenas as inteligências candidatas
que satisfaziam todos ou, pelo menos, a maioria dos critérios acima. Além disso
cada inteligência deveria ter uma operação nuclear ou um conjunto de operações identificáveis
e deveria também ser capaz de ser codificada em um sistema de símbolos.
Tais experiências convenceram Gardner de que a inteligência, longe de ser
uma força unitária da mente, consiste numa série de faculdades mentais que não
só se manifestam independentemente como saltam talvez de diferentes áreas do
cérebro.”
Deste modo, foram selecionadas sete inteligências em particular:
lógico-matemática, linguística, musical, corporal-cinestésica, espacial,
interpessoal e intrapessoal.
No ensino tradicional os alunos memorizam uma série de assuntos
que esquecem após os testes. Estes são meros espetadores passivos de assuntos
expostos de acordo com a maneira de funcionar e de entender do professor,
ficando apenas com um conhecimento muito superficial.
Mas as evidências mostram que só se o
indivíduo tomar um papel ativo na aprendizagem, se aprender a fazer perguntas,
fazer eles próprios, recriar, transformar por si mesmos, questionar-se, só
assim a aprendizagem permanece.
A partir da psicologia surge a teoria da existência de múltiplas
inteligências, realçando que cada ser humano tem a sua própria forma de
aprender. Esta teoria mostra que as pessoas têm diferentes formas de abordagem
intelectual e que são muito importantes na forma como aprendem, representam, e
usam o conhecimento.
Uma vez que temos conhecimento de que os seres humanos se
apropriam, integram, usam e representam o que aprendem (inteligências: visual,
linguística-verbal, lógico-matemática, musical, corporal/cinestésica,
naturalista/espiritual, interpessoal, intrapessoal), diferentes modos, o modo
como ensinamos e avaliamos também ele tem que ser diferente sob pena de ser
exclusivo.
Gardner recorda que, a pergunta que nos devemos colocar
constantemente é: “estamos
alcançando todas as crianças? E se não estamos existem outras formas de o
fazer?” (Gardner, 1997).
Fornecer recursos diversificados, software ou materiais para a
aprendizagem permitirão às crianças utilizar as suas capacidades construindo
conhecimento. Porque tudo pode ser ensinado e aprendido de muitas formas.
Cada pessoa tem a sua própria maneira de assimilar a
aprendizagem, pelo que se deve fornecer diferentes recursos para uma
matéria/assunto, para que o aluno, possa ativamente, optar por aquela com que
mais se identifica e agir/pensar cientificamente, testando/eliminando hipóteses
e chegar aos resultados, ou seja faz uma aprendizagem ativa.
Este processo permitirá ainda que o aluno, ao invés de ser
sujeito a uma avaliação enganosa, participe também ativamente, fazendo a sua
própria autoavaliação verificando o que sabe e o que lhe falta atingir.
Face ao exposto, a escola precisa de mudar! (Gardner, 1997).
A aprendizagem ativa que tem como reflexo – “o tipo de
criança que queremos ter”.
Por oposição “A aprendizagem rotineira é considerada frágil e
transitória, enquanto a aprendizagem significativa é forte e contínua. (…)
Pensa-se que a aprendizagem rotineira produz conhecimento pobremente
organizado, faltando-lhe coerência e integração, refletindo-se este facto em
falhas na capacidade de efetuar inferências e transferir conhecimentos para
novos problemas.
A aprendizagem significativa é vista como produtora de modelos
mentais organizados, coerentes e integrados, que permitem às pessoas fazer
inferências e aplicar conhecimento adquirido” (Karpicke, 2012: 27-28).
São necessários Educadores e administradores que acreditam no
potencial das crianças e são capazes de fornecer recursos, tecnologias ou
materiais de acordo com as necessidades de cada um. Gardner dá ênfase a um
sistema de avaliação em que o aluno faz a sua reflexão acerca das aprendizagens
realizadas e das suas necessidades de melhoria, realizando assim uma efetiva
autoavaliação.
A avaliação tem que dar feedback ao aluno, o aluno tem que
experimentar, testar, auto avaliar-se e recuperar conhecimentos que darão lugar
à aprendizagem.
A avaliação como promotor da aprendizagem – Software Educativo “Os Miúdos e
a Matemática”
O software educativo “Os Miúdos e a matemática” oferece uma
experiência de aprendizagem na área da matemática. Tudo começa com a
apresentação das temáticas a trabalhar. O desafio dos alunos é escolher uma
temática, ouvir ou ler a explicação teórica e jogar jogos interativos com
desafios a resolver sobre a temática. Todos os desafios apresentados quando
concluídos com sucesso são acompanhados por um som que identifica.
É um Software Inclusivo que permite a aprendizagem pela ação,
permite a aprendizagem multissensorial; dá feedback imediato, fomenta a
aprendizagem colaborativa, é uma ferramenta de promoção da aprendizagem da
matemática e estimula o interesse dos alunos em aprender.
A diversificação de estratégias, a facilitação da atenção, da
concentração e o aumento de permanência do aluno na tarefa aliadas ao trabalho
colaborativo são outros aspetos positivos na utilização do software educativo
“Os Miúdos e a Matemática”.
A utilização dos princípios propostos por Gardner, são eficazes
e passíveis de implementar. Vejamos o seguinte exemplo:
Um grupo de alunos desenvolve trabalho com o software educativo
“Os Miúdos e a Matemática”.
A
avaliação inicial, ao invés de ser feita pelo professor, é feita pelos alunos
situando-se cada um deles face ao facto de já terem alguma informação sobre o
tema, e ainda necessitam de o trabalhar e se ainda há conhecimentos a adquirir.
De
seguida os alunos usam o software educativo para testar os seus conhecimentos e
verificar a auto avaliação que fizeram.
Antes
de avançar para novos objetivos, avaliarão de novo os seus conhecimentos, após
intervenção.
Caso
continuem a manifestar dificuldades terão sessões individuais para adquirir os
conhecimentos em falta.
“ Horta Pedagógica”
EB2/3 Monsenhor Jerónimo do Amaral – Vila Real
A Horta Pedagógica da Escola visa a dinamização de um espaço da
escola, de forma a proporcionar aos alunos o contato com a Natureza através da
realização de atividades agrícolas. A horta tem um papel fundamental, tanto do
ponto de vista estético como educativo na medida em que funciona como um espaço
de descoberta e aprendizagem direta de muitas matérias que são abordadas na
sala de aula. Mas, acima de tudo, dão à criança a oportunidade de se ligar à
Natureza, de sentir que faz parte dela, que tem um lugar e um papel a
desempenhar.
A Horta Pedagógica da Escola serve de ponto de partida para
abordagens tão ricas e diversificadas, como a educação alimentar, a conservação
da Natureza, técnicas de jardinagem, o estudo do solo e das plantas…
Através da construção e manutenção da horta desenvolvem-se
inúmeras estratégias de ensino e aprendizagem abrangendo os aspetos culturais,
ambientais, lúdicos e pedagógicos, que permitem aos alunos construir inúmeros
conhecimentos de uma forma intuitiva, prática, atrativa e experimental.
Há uma participação de todas as turmas da Escola EB2/3 Monsenhor
Jerónimo do Amaral com resultados muito positivos, nomeadamente ao nível da
inclusão escolar dos alunos com necessidades educativas especiais.
Organização e funcionamento:
- Os alunos integrados no Decreto-Lei 3/2008 de 7 de Janeiro são
os guias/orientadores de cada participação por turma à horta durante 90
minutos. Na primeira participação de cada turma à Horta é feita uma visita
orientada pelos alunos com necessidades educativas espaciais com atividades que
visam a identificação dos produtos existentes na Horta. No final desta primeira
visita é realizado um Quiz sobre os produtos da Horta. Na segunda visita são
realizadas atividades de preparação do espaço de cultivo, semeia de acordo com
a época do ano, atividades de plantação de vários vegetais de acordo com a
época do ano e colha de produtos com o apoio dos alunos com necessidades
educativas especiais. É dado um destaque no cultivo a variedades de vegetais e
ervas aromáticas da região de Trás-os-Montes.
Em horário pré-estabelecido, as turmas do agrupamento agendam
uma participação e que são definidas atividades de acordo com o nível de
ensino, projeto curricular de turma, disciplina e perfil dos alunos.
Esta ação decorre duas vezes por semana, sendo no total 180
minutos semanais.
- Diariamente um grupo de alunos pré-estabelecido fará o
levantamento na cantina da Escola de restos de comida que depositará no local
de compostagem. Ao longo do ano far-se-á a recolha de folhas que estão no chão
da escola. A implementação da compostagem visa a aplicação do produto final
(composto) no espaço de cultivo.
- No terceiro período, serão organizadas aulas de cozinha para
os alunos e encarregados de educação, a partir de produtos da Horta da Escola
promovendo, desta forma, hábitos de alimentação saudável.
- Recolha e divulgação de ditados, histórias e tradições
alentejanas relacionadas com ervas aromáticas.
- Ao longo do ano as atividades são divulgadas na página da escola.
Curso Vocacional
De âmbito bastante abrangente, este curso visa a dinamização de
práticas inovadoras que estimulem aprendizagens significativas. O desafio foi
lançado a um grupo de professores que, face às potencialidades e
constrangimentos da estrutura curricular atual, propuseram a dinamização de um
curso que abrangesse alunos de 8º e 9º ano, que envolvesse todas as áreas
disciplinares. Privilegiou-se a aquisição de saberes através do trabalho
experimental e do desenvolvimento de projetos desenvolvidos por docentes. A
estratégia proposta permitirá o desenvolvimento de projetos que irão de
encontro às preferências ou potencialidades dos alunos assentes em temas
curriculares ou outros.
Procura-se neste curso desenvolver uma atitude empreendedora, aprendizagens
pelo saber fazer e o desenvolvimento das relações interpessoais com forte
intervenção comunitária.
Foi desenhado, também para ser inclusivo, no sentido que
permitirá a todos os alunos, independentemente do seu grau de dificuldade ou
potencialidades, desenvolver as suas capacidades individuais onde o grau de
dificuldade ou potencialidade é tido em conta.
Inicialmente com maior incidência nas aprendizagens informais,
mas que objetivo de alargar às aprendizagens formais (curriculares) por forma a
torna-las mais sustentadas e significativas.
Outro vetor da política educativa é a componente da formação
contínua dada pelos parceiros envolvidos, avaliação externa e reflexões sobre
as práticas no sentido de criar alicerces de continuidade destas práticas.
Naturalmente que o desenho deste curso aplicado a um grande
universo de alunos, professores e comunidade em tempos de grandes mudanças,
internas e conjunturais, resulta pequenas divergências com os objetivos
iniciais traçados. No entanto a essência do curso mantem-se e passa pela
apropriação gradual de práticas educativas que respeitem a individualidade, as
capacidades e ritmos de aprendizagem através de aprendizagens assentes no saber
fazer.
Conclusão
Este trabalho em grupo permitiu, não só a apropriação dos
princípios gerais da teoria das inteligências múltiplas, bem como a troca de
impressões e experiências pedagógicas onde se aplicam alguns destes princípios
e nas quais os elementos do grupo são protagonistas diretos.
É generalizado o sentimento de que o sistema educativo, tal como
está organizado, mostra cada vez maior dificuldade em dar resposta a uma
aprendizagem consolidada e que é necessário preparar as nossas crianças para os
desafios do futuro.
A teoria das inteligências múltiplas é o reconhecimento da
complexa multiplicidade de meios e formas de construir o conhecimento. A
evolução do conhecimento que temos do funcionamento dos mecanismos da
aprendizagem com Piaget, Vygotsky e agora Gardner, tem-se traduzido em
emergentes abordagens pedagógicas onde se valoriza o ritmo e a forma de
aprender. É talvez nas estratégias pedagógicas com alunos com necessidades
educativas especiais que isso se torna mais evidente. A diversidade de
problemáticas bem acentuadas remete para abordagens pedagógicas onde se
privilegiam processos de aprendizagem e avaliação significativos, assentes na
diversidade de recursos, de contextos e de práticas ativas.
A flexibilidade dos sistemas de ensino permite maior ou menor
permeabilidade á adoção de tais práticas. Em alguns sistemas existem escolas
que assumem integralmente este tipo de dinâmicas, outras procuram envolver
gradualmente ou fazê-lo isoladamente, por convicção ou por necessidade. Pensamos
que os três exemplos descritos são prova da vontade que algumas escolas ou
alguns elementos das mesmas demonstram querer incrementar.
Referências
Bahia, S. (2006). Estimular talentos na sala de aula: os múltiplos prismas da
questão. Universidade de Évora/PRODEP. http://repositorio.ul.pt/handle/10451/2710 (consultado em 15/5/2014)
Karpicke, J. (2012). Aprendizagem com base na recuperação: a recuperação ativa
promove uma aprendizagem significativa. In: A
avaliação dos alunos. Edições
Fundação Francisco Manuel dos Santos, 15-38.
Schlemmer, Phil; Schlemmer, Dori. (2003). Projectos desafiadores para mentes criativas. 20 projectos para
desenvolver as capacidades múltiplas dos alunos. Porto Editora.
Etiquetas: 3º modulo
Desenho Universal da Aprendizagem
Semanas 6 e 7 – de 5 maio a 18 maio 2014
O terceiro módulo tem como finalidade abordar quadros de referência para o planeamento da aprendizagem, em particular os princípios e estratégias do desenho universal da aprendizagem.